ENTREVISTA COM DORIAN YATES
BDJ: Sua primeira dedicação séria ao exercício, sendo um
treinamento breve, intenso e infrequente, foi altamente influenciado por Arthur
Jones (desenvolvedor do método de
treinamento High Intensity Training (HIT) e fundador da Nautilus Inc. e MedX
Inc) e Mike Mentzer (desenvolvedor do Heavy Duty). O que o levou a escolher
aquela direção ao invés de métodos mais tradicionais?
DY: Eu sou um pensador muito lógico e a informação de Jones
e Mentzer chegou até mim de uma maneira lógica. Eu também sou uma pessoa do
tipo de que se tiver que fazer algo, eu primeiro observarei a natureza da ação,
analiso, e obtenho o máximo de informação sobre isso o quanto eu possa. Eu não
me lembro sobre como eu encontrei toda a informação necessária para tomar minha
decisão, mas eu tentei armazenar tantos dados quantos eram possíveis, decifrei
e vi o que fazia sentido.
Então eu combinei aquela informação com a experiência prática e escutando meu corpo de perto. Rapidamente eu descobri que uma vez tendo ultrapassado um certo nível de (treinamento) volume ou frequência eu experimentava os sinais de overtraining (quando você não está se recuperando, quando você não dorme bem, quando seu sistema nervoso sofre uma baixa e quando você já não faz progresso). Isto indicou claramente para mim que precisava reduzir e alterar ligeiramente minha abordagem de treinamento. Durante os anos refinei meu programa baseado nos princípios e relações de intensidade, volume, freqüência e recuperação adequada. Assim, embora lendo as informações dadas por Jones e Mentzer, tendo conversado e treinado com Mentzer algumas vezes, peguei o que eles disseram e combinei isto com métodos tradicionais e criei meu próprio híbrido de treinamento de alta intensidade.Eu não concordo com algumas das coisas ditas por Jones e Mentzer, inclusive sobre o treinamento do corpo inteiro em uma sessão.
Dorian Yates e Mike Mentzer |
Então eu combinei aquela informação com a experiência prática e escutando meu corpo de perto. Rapidamente eu descobri que uma vez tendo ultrapassado um certo nível de (treinamento) volume ou frequência eu experimentava os sinais de overtraining (quando você não está se recuperando, quando você não dorme bem, quando seu sistema nervoso sofre uma baixa e quando você já não faz progresso). Isto indicou claramente para mim que precisava reduzir e alterar ligeiramente minha abordagem de treinamento. Durante os anos refinei meu programa baseado nos princípios e relações de intensidade, volume, freqüência e recuperação adequada. Assim, embora lendo as informações dadas por Jones e Mentzer, tendo conversado e treinado com Mentzer algumas vezes, peguei o que eles disseram e combinei isto com métodos tradicionais e criei meu próprio híbrido de treinamento de alta intensidade.Eu não concordo com algumas das coisas ditas por Jones e Mentzer, inclusive sobre o treinamento do corpo inteiro em uma sessão.
BDJ: Eu concordo. No treinamento de pernas eu fico
praticamente esgotado. Se não fisicamente, pelo menos mentalmente.
DY: Sim! Isso é muita coisa. Algumas coisas soam bem
teoricamente, mas não funcionam na prática. Assim, você tem que combinar as
duas. Aqui é onde você lê ou reflete a respeito da abordagem teórica, então
aplica isto ao seu treinamento, enquanto faz ajustes ao longo do caminho. Se
não funcionar de modo prático, então aí está a sua resposta. Você não deve se
abater e pensar, “bem, por que não está funcionando ?”. Você tem que se mexer e
procurar por qualquer outra coisa, enquanto ainda adere aos princípios da alta
intensidade. Tenho pego qualquer informação que achei útil e descartado o
resto. Venho fazendo isso com pessoas desde os graus mais baixos do
bodybuilding até o topo, inclusive Mentzer e Jones. Sou sempre sou ávido por
algo novo. Mas entre todos, ninguém alguma vez foi meu treinador ou
nutricionista. Ao invés, eu escuto sugestões e aproveito o que eu quero e
descubro o que funciona ou não funciona para mim. Isso é o que me atraiu ao
bodybuilding. Eu era o responsável pela vitória ou derrota.
BDJ: Você aplicava alguma tática de treinamento em
particular ou alguma variável de intensidade a um grupo muscular deficiente?
DY: Isso tem muito a ver com o que eu fazia. Para músculos
com deficiência eu os treinaria no começo ou perto do começo, quando meus
níveis de energia mentais e físicos eram mais altos. Eu também usava diferentes
técnicas de intensidade, mas não todas ao mesmo tempo. Obviamente treinava até
a fadiga, e então incluía repetições forçadas e negativas adicionais algumas
vezes. Sempre enfatizava a fase negativa, pois estas são da mesma maneira tão
importante ou mais importante que a fase positiva, sendo que muitas pessoas
esquecem disso e só se concentram em erguer o peso. As micro-lesões acontecem
principalmente durante a fase negativa que é responsável pela resposta de
crescimento. Quando eu fazia as negativas por último, elas eram feitas em
máquinas devido a um melhor controle. Às vezes também usava uma versão modificada
do sistema de repouso-pausa (rest pause), treinando pesado para 5-6 repetições,
descansando durante aproximadamente 10 segundos, e fazendo mais 1-2 repetições.
Eu também fazia drop sets, enquanto executava 6-8 repetições até a fadiga,
diminuindo um pouco o peso, fazendo então outras 3-4 repetições até a fadiga,
ou ainda parciais ao término da série. Eu tentei pré-exaustão, mas não
funcionou para mim. Esse é um exemplo de um método tradicional de alta
intensidade que soa bem teoricamente, mas que não funciona tão bem na prática.
Frequentemente as pessoas cometem o erro de que se têm um grupo muscular de
desenvolvimento lento, pensam que deveriam aumentar o volume ou a freqüência, e
isso não vai ajudar.
BDJ: Relativo a pré-exaustão, eu conheço alguns indivíduos
que obtiveram resultados excelentes com essa técnica. Obviamente isso é algo do
indivíduo. Você, por exemplo, provavelmente tem uma taxa extremamente alta de
fibras de contração rápida no corpo e uma taxa muito rápida de fadiga.
DY: Eu usei pré-exaustão no passado, mas só na forma de
séries normais, diretas. Por exemplo, eu começaria meu trabalho de pernas com
extensões de perna, então em seguida eu descansava antes de passar para o leg
press. Descobri que a pré-exaustão tradicional era mais aeróbio. Muito mais um
treinamento cardiorrespiratório e nem tanto um treinamento muscular. Fazer
pré-exaustão tradicional foi um dos treinamentos mais duros que já fiz alguma
vez executei. Quase não podia respirar, mas eu não sentia que me desse um ótimo
estímulo muscular. Tive que adaptar o método e descansar o suficiente.
BDJ: Você descobriu que havia a necessidade de descanso
físico ou mental?
DY: Era mais físico, mas também incluía o mental. Enquanto
você está fazendo extensões de perna e você sabe que logo estará fazendo leg
press, seu foco fica dividido. No fundo em sua mente você sabe você que você
tem que saltar fora de uma máquina e ir direto para cima da outra. Eu gosto de
estimular, aniquilar, e então descansar. Eu não acredito em pressa entre os
exercícios. Para mim, apressar as séries é um treinamento aeróbio. Mover-se
depressa de um exercício para outro frequentemente resultará em cansaço
cardiorrespiratório, especialmente para os músculos das pernas, por serem tão
grandes.
BDJ: Você alguma vez implementou um protocolo de treinamento
que provou ser prejudicial para o seu progresso?
DY: Provavelmente meu maior erro foi tentar usar os mesmos
pesos e a mesma intensidade (treinar além da fadiga) até a competição. Técnicas
de alta intensidade são ótimas para estimular o crescimento (hipertrofia, ganho
de massa magra) se você tiver calorias e descanso suficientes. Mas quando você
se prepara para uma competição, sua meta deveria treinar para manter músculos e
reduzir a possibilidade de lesão. Isto é especialmente verdade se sua energia e
níveis de gordura corporal forem baixos e você estiver trabalhando seus
músculos e articulações com dureza. Inclusive, quando sob dieta e treinamento
duro (dieta hipocalórica) você não dorme tão bem, o que significa que você não
consegue se concentrar tão bem. Todos esses fatores aumentam seu risco de
lesões. Isto também aumenta seu risco de ficar em catabólico porque você está
aplicando toda aquela tensão e a falta de calorias e descanso faz com que fique
mais difícil recuperar-se. Se tivesse que fazer tudo novamente, deixaria de
treinar até a fadiga, ou até mesmo perto da fadiga, parando 1 – 2 repetições
próximas do esforço total. Isto daria estímulo o bastante para manter os
músculos enquanto você se concentra em reduzir a gordura corporal.
BDJ: Eu entendo que você tem uma preferência pelos pesos
livres…
DY: Não, não particularmente. Há muitos exercícios básicos
que são ideais com pesos livres, mas se você analisar minhas rotinas durante os
anos, elas tem sido uma combinação de máquinas e pesos livres. Penso que ambos
têm suas vantagens e desvantagens, e uma combinação dos dois é melhor que usar
exclusivamente um deles.
BDJ: Você descobriu que você pode executar menos exercício
com máquinas? Acho que há estimulação maior e mais direta com máquinas,
produzindo maior estímulo pois não existe nenhum esforço necessário para
equilibrar o peso.
DY: Não necessariamente. Basicamente, acredito que as
máquinas isolam melhor o músculo e você não tem que gastar energia equilibrando
o peso, distintamente do treinamento com pesos livres. Mas uma das desvantagens
das máquinas é que, elas produzem um movimento fixo. Um padrão fixo. Se uso
isto (a máquina) e você usa também, é o mesmo padrão. Mas se eu executo uma
rosca com halteres, e então você executa uma rosca com halteres, e isso for
analisado em um computador, veremos que ambos seguiram um padrão diferente.
Cada um segue uma biomecânica mais natural e individual.
BDJ: Neurologicamente, os pesos livres provavelmente têm uma
vantagem nessa consideração.
DY: Sim, e é por isso que eu acho que eles são tanto
melhores para o treinamento de força e de potência, e treinamento atlético.
Consequentemente há algumas coisas que você pode fazer com máquinas e não com
pesos livres, e algumas coisas você pode fazer com pesos livres e não máquinas,
e vice-versa. A melhor situação é uma combinação de ambos.
BDJ: Quais técnicas psicológicas você emprega durante seus
treinamentos?
DY: Eu mantenho um diário de treinamento e de nutrição. Todo
treinamento deve ser anotado, quais exercícios, o peso usado, número de séries,
número de repetições, etc. Antes de ir para o ginásio eu revisaria o meu último
treinamento, o peso, as repetições, e visualizaria o que queria fazer naquele
dia, a ponto de usar certas roupas em certos dias, só para alcançar um certo
estado de espírito. Visualizaria quanto peso iria erguer quantas repetições, e
como iria fazer os exercícios. No momento em que eu chegasse no ginásio estaria
totalmente motivado psicologicamente e sabendo quais metas queria alcançar.
Veria de novo aquele filme mental enquanto estivesse no treinamento.
BDJ: Eu não acredito que haja muitos fisiculturistas,
inclusive profissionais que monitoram seus próprios progressos ou mantêm um
diário de treinamento.
DY: Eu tenho sido questionado por certos fisiculturistas,
sobre o treinamento. Eu lhes perguntava o que eles haviam feito da última vez,
ou no ano passado. Eles respondiam, “eu não estou realmente seguro… eu
realmente não consigo me lembrar”. Você nunca vai aprender qualquer coisa se
este for o caso. Se você mantiver um registro, você pode ver como você
progride, como seu corpo reage, o que funciona e o que não funciona. Isso lhe
permite refinar as informações. Mas se você torna isso um jogo de adivinhação,
então será como um capitão em um navio sem mapa nem curso, enquanto flutua por
aí esperando chegar onde se quer chegar.
BDJ: Talvez duas das perguntas mais comuns feitas aos
fisiculturistas profissionais são: Que drogas você tem usado, e quanto você
gasta anualmente com drogas? Você se preocupa em responder?
DY: Eu sou questionado sobre isso sempre que faço
seminários. Aí existe um limite tênue. Não quero ser evasivo como se estivesse
tentando manter algum segredo. Mas também tenho uma responsabilidade na qual
não gosto de recomendar ou falar de doses porque entre os muitos leitores de
revistas estão incluídos crianças e jovens. Certas revistas, e certas pessoas
que escrevem para as revistas, estão sendo muito irresponsáveis em recomendar
certas coisas, ou em dizer que “todos os profissionais fazem isso e aquilo”. Em
um artigo, eu fiquei horrorizado em ler a respeito do que os profissionais
supostamente fazem. Isso chegou a um ponto onde se acredita que o modo como a
pessoa treina ou a genética não tem nada a ver, mas sim o uso de drogas. Então
as crianças leem isso, acreditam que é verdade e pensam que tudo o que eles
precisam são das drogas. Eu digo que não usei nada que não fosse acessível para
qualquer outro fisiculturista. Não usei nada não usual. Mas comigo, morando na
Inglaterra, em uma área isolada e quebrando barreiras em tamanho muscular,
começam a surgir todos os tipos de rumores. Eu usei a mesma coisa que todo
mundo: deca durabolin, testosterona, orais, entre outros, e tudo isso já existe
há pelo menos durante uns 20 ou 30 anos. As pessoas pensam que podem tomar
estas coisas e fazer ganhos incríveis. Não funciona desse modo. Os esteroides
ajudam o processo de construção muscular, mas não são somente eles são os
responsáveis. Você ainda precisa treinar duro, comer bem, e descansar o
suficiente.
BDJ: Suas fotografias de antes e depois no início dos anos
90 são legendárias e muito impressionantes. Foi no período quando você iniciou
seus experimentos com GH?
DY: Na verdade não foram. Eu os utilizei antes dessa época.
A razão pela qual fiz tais dorian_yates_178_1995_best_progressos naquele ano
foi devido ao fato de que soube que Haney estava se aposentando e precisava
atingir um extremo acima dos outros competidores que eram menores do que eu.
Queria entrar super denso, super em forma e maior do que nunca. Nos anos
anteriores sacrifiquei muito músculo e diminuía muito. Estava numa condição
bastante competitiva cerca de 5-6 semanas antes da competição, mas mantinha a
dieta e encolhia. Tentando ficar mais denso e mais denso. Então, analisei e
percebi que precisava retificar o problema e sabia que eu poderia entrar muito
maior e na mesma condição sem sacrificar tanto músculo. Assim, foi uma mudança
na nutrição, que eu fiz entre 1992 e 1993 que fez a diferença. Eu sei que é
difícil para algumas pessoas acreditarem, mas é assim que aconteceu.
BDJ: Eu entendo o que você está dizendo que o efeito da
dieta pode ser dramático numa escala de curto prazo. Por exemplo, comer certos
alimentos, combinações ou quantias podem lhe fazer parecer mais denso e maior
ou podem fazer parecer pior dentro de horas.
DY: E se sua gordura corporal ficar muito baixa, é muito
mais fácil queimar tecido muscular (catabolizar), e foi isso que eu decidi
evitar.
BDJ: Quanto aos negócios. Você oferece livros e um vídeo,
bem como uma linha de suplemento e serviços de Personal Training.
DY: Sim. Tenho meu próprio website,
http://www.dorianyates.net que tem informação através de consultas telefônicas
e programas personalizados, bem como recursos didáticos. Minha linha de
suplemento, Dorian Yates Approved, está indo muito bem na Inglaterra e Europa.
Nós começamos nos Estados Unidos. A linha de suplemento está centrada ao redor
de proteína e um MRP. O começo disso foi através de um amigo na Inglaterra
envolvido na indústria de suplementos. Ele teve a ideia de começarmos juntos uma
linha de produtos. Ficou definido em acordo desde o começo que se me
envolvesse, poderia opinar sobre os padrões do produto, os materiais, pesquisa
e desenvolvimento. A proteína e o substituto de refeição são sem igual e são os
mais efetivos no mercado, pois eles contêm whey protein não desnaturada,
diferente de algumas marcas que usam subprodutos da fabricação de queijo.
Nossas proteínas não desnaturadas retiveram os importantes fatores de
crescimento que são necessários para construção de massa muscular. Nossos
produtos também contêm probióticos que têm um efeito no sistema intestinal e
saúde em geral. Aqueles que estão usando estão aderindo a eles porque estão
obtendo resultados. Nós aplicamos um ano em pesquisa e desenvolvimento em nossa
proteína e produtos de MRP.
BDJ: Você pode dar uma avaliação do seu treinamento quando
você começou no bodybuilding, em comparação aos seus anos de Mr. Olympia e seu
protocolo atual?
DY: Quando comecei a treinar, me baseava no mais
convencional (rotinas publicadas em revistas), mas rapidamente percebi que isso
não estava funcionando muito bem e que eu estava em overtraining. A tendência
de todo mundo na academia era a de seguir o que todo mundo estava fazendo, ou o
que os atletas famosos estavam fazendo e o que as revistas estavam
recomendando. Combinando com a literatura de Jones e Mentzer, inventei minha
própria rotina. Do que recordo, minha primeira rotina de alta intensidade era
uma divisão em dois treinos, enquanto treinava três dias por semana. Por
exemplo, na semana 1 eu executava tronco/braços, pernas, tronco/braços. Não era
exatamente isso, mas lhe dará uma ideia. Na semana seguinte executava pernas,
tronco/braços, pernas. Eu alternava deste modo, enquanto treinava cada grupo
muscular duas vezes cada duas semanas e uma só vez nas outras semanas. De um
modo geral, treinava o corpo todo duas vezes cada nove dias. Isso funcionou bem
para mim. Na época em que eu conquistei meu primeiro Mr. Olympia, estava
fazendo uma divisão em quatro partes. dois dias de treino, um de descanso, dois
de treino, um de descanso. Descobri que conforme ficava maior e mais forte, não
podia trabalhar metade do meu corpo em uma sessão e poderia ter que dividir o
treinamento mais ainda. Aqui, novamente, nós estamos divergindo do que Arthur Jones
estava recomendando, e para um grau menor até do que Mike Mentzer dizia,
fazendo o corpo inteiro ou metade do corpo em um treinamento. Embora não
estivesse fazendo um volume tremendo, ainda era muito fazer vários grupos
musculares imediatamente. Acredito que você requer uma certa quantia de volume,
em termos de exercícios diferentes. Eu não penso que você possa entrar na
academia e treinar adequadamente seu peito ou costas usando só um exercício.
BDJ: Esse é um ponto interessante. O que tenho notado entre
muitos dos seguidores de HIT, é que eles vão ao extremo de uma rotina de
consolidação (agachamento, deadlifts, supinos, mergulhos, pulldowns). Comigo,
eu aumentei tremendamente a força executando muito poucos exercícios básicos,
mas minha aparência piorava progressivamente.
DY: Algumas pessoas dizem que quando um músculo é acionado,
ele é utilizado e ponto, e que a não existe necessidade para treinar em ângulos
diferentes, que isso seria irracional. Mas isto não faz sentido completo. Todos
nós sabemos que quando você executa certos exercícios (em ângulos e formas
diferente) você pode ver os resultados, uma mudança física. É aparente que se
você executasse só desenvolvimento frontal, desenvolvimento por trás, elevação
lateral, laterais curvado, laterais na polia baixa, etc., todos em ângulos
diferentes, a aparência dos ombros mudaria em cada situação. Igualmente, se
você executa apenas supino declinado ou supino reto, você enfatiza a porção
mais baixa dos peitorais, mas não muito a porção superior. Deveria então ficar
claro que exercícios diferentes e ângulos diferentes afetam um músculo de
maneira diferente e afeta a aparência do seu corpo. Assim, você deveria treinar
com uma variedade de exercícios, e em ângulos diferentes.
BDJ: Sim, e isto pode ser feito em uma base rotativa. Você
não tem que executar todos os exercícios em um único treinamento. Eu também
acho que uma pessoa requer bastante variedade, em termos de volume de séries.
Por exemplo, se alguém vai participar de uma competição de transformação física
em 12 semanas, você não consegue fazer mudanças dramáticas simplesmente
executando um punhado de exercícios uma vez cada 7-9 dias, “ a la ” treinamento
de consolidação.
DY: Não, você não consegue. Você não consegue alcançar um
físico por inteiro. Você aumentará sua força e conseguirá um desenvolvimento
básico, mas você não conseguirá um desenvolvimento completo de todos os grupos
musculares. Isto simplesmente não é possível. Você não consegue desenvolver a
largura e a espessura de seus dorsais, romboides, trapézio, e lombares com
apenas um exercício.
BDJ: Até mesmo a respeito do condicionamento metabólico e
redução dos depósitos de gordura, deve haver volume o bastante. Casey Viator
fez um comentário que ele frequentemente chegava ao overtraining até o momento
da competição. Ele tinha que fazer isso para alcançar a condição que ele queria
alcançar o que era diferente do treinamento de construção de massa na
pré-temporada.
DY: Eu não concordo com isso. Obviamente se você faz mais
atividades você vai queimar mais calorias. Construir músculos é exatamente
isso, e manter músculos é basicamente a mesma coisa. A ideia é reduzir a
gordura corporal tendo um equilíbrio calórico negativo e aumentando a
quantidade de queima de calorias. Não acredito que aumentar o volume de
treinamento com pesos seja um modo eficiente de fazer isto. Funcionará, mas
prefiro uma abordagem aeróbia, sendo estes, queimadores de gordura mais
específicos.
BDJ: Como você aplica seu treinamento aeróbio na preparação
para uma competição.
DY: O treinamento com pesos que fazia na pré temporada e na
temporada eram quase a mesma coisa. Assim, para queimar gordura, além da
redução calórica, executava aeróbios por até uma hora por dia. Fazia meia hora
pela manhã e meia hora à noite, ou conforme precisava. Não era nenhum trabalho
aeróbio de alta intensidade, mas baixo em intensidade, assim usava
principalmente gordura como energia. Você pode perder gordura aumentando
exercícios e séries, mas você corre o risco de ficar mais catabólico e perder tecido
muscular. Isto torna mais difícil recuperar-se de um volume de treinamento mais
alto do que de um volume normal.
BDJ: Como é hoje o seu treinamento? Eu acredito que você
ainda treina?
DY: Sim, ainda estou realizando praticamente a mesma
programação. A intensidade é um pouco mais baixa, principalmente devido a minha
lesão no tríceps. Eu tenho que ter muito cuidadoso porque existe um
desequilíbrio entre meu lado esquerdo e meu lado de direito. Em conseqüência,
tento usar mais máquinas, especialmente para minha porção superior do corpo. Há
outra vantagem no treinamento com máquinas, te permite treinar ao redor de
lesões sem a preocupação quanto a coordenação e o equilíbrio.
BDJ: Sérgio Oliva apresentou artrites bastante sérias ao
longo de seu corpo inteiro, enfatizando sua necessidade para treinar
principalmente com máquinas. Ele descobriu que treinar com pesos livres, e todo
o equilíbrio necessário ao treinamento com pesos livres, é algo que agrava
muito as dores nas articulações.
DY: Em um mundo ideal, e se eu não tivesse nenhuma lesão,
usaria mais pesos livres. Eu não gostaria de treinar exclusivamente com
máquinas, mas este não é exatamente o lugar onde eu estou agora. Assim,
simplesmente faço o que eu posso fazer e o que eu tenho de fazer.
BDJ: Parece que não há nenhuma chance de você sair da
aposentadoria das competições?
DY: Tomei a decisão de me aposentar, principalmente por
causa da lesão e porque competi por muito tempo. A única coisa que queria
conseguir era melhorar o meu físico. Mas com a lesão e com toda a reabilitação
que realizei, sabia que isso não ia ser possível. Definitivamente não queria
voltar e ser qualquer coisa menos do que meu máximo.
BDJ: Exatamente. Relativo à dieta, parece que últimas
semanas antes da competição era muito crucial. Fisiculturistas tornam-se
mentalmente estressados, pois acreditam que eles parecem muito piores do que
eles na verdade são.
DY: Isso definitivamente é verdade. Você pode olhar no espelho
um minuto e pode pensar que você parece ótimo. Então dez minutos depois você
não está tão seguro. Obviamente as coisas não mudaram, mas sua mente pode
pregar peças em você. Muitas pessoas tendem a fazer coisas malucas na última
semana porque estão naquele estado mental. Eles fazem tudo com consistência,
enquanto parecem melhor e melhor, então durante a última semana ou poucos dias
antes eles fazem algo que estraga tudo completamente. Embora você tenha que ser
flexível, você precisa de um plano e deve seguir.
BDJ: Você se preocupava com depleção e carga de carboidratos
ou alterava sua ingestão de água?
images (2)DY: Sempre trabalhei com meus carboidratos e isso
funcionava muito bem para mim. Não funciona para alguns, e talvez físicos
diferentes respondam de modo diferente à ingestão de macro nutrientes. Refinei
isto durante os anos para saber exatamente o que estava funcionando, o que não
estava funcionando e por que. Não havia muito certo e errado, embora às vezes
quando olho para trás, vejo que poderia ter aumentado um pouco aqui ou lá para
estar numa condição ligeiramente melhor. Sempre mantive registros, enquanto
monitorava tudo o que fazia, fazendo correções até a última semana antes da
competição. Examinava meus registros e então comparava as informações para
conforme eu estava fisicamente e então fazia ajustes.
BDJ: Com a nutrição em geral, qual era sua relação entre
proteína, gordura e carboidratos?
DY: Minha primeira preocupação era me certificar de que
tinha proteína o suficiente em intervalos regulares ao longo do dia. Calculava
uma média de 3 gramas por Kg de peso corporal. E então era uma questão de
equilibrar o resto das calorias das quais precisava entre gorduras e
carboidratos. Não estou seguro das porcentagens exatas, mas era provavelmente
ao redor 30-40% proteína, 50% carboidrato e 15-20% gordura. Variava, mas via as
gorduras e carboidratos como alimentos energéticos, e claro, há também a
necessidade de ácidos graxos essenciais para o sistema nervoso, etc.
BDJ: Parece haver uma tendência para uma ingestão muito alta
de proteína e gordura e muito baixa de carboidratos.
DY: Novamente, isso pode variar com o metabolismo de cada
pessoa, e como eles respondem à insulina induzida pelos carboidratos. Mas, para
mim, minha dieta era bastante alta em carboidrato. Quando era baixa em
carboidrato, eu perdia tamanho, meu físico ficava plano, e perdia energia muito
depressa.
BDJ: Eu também observei todos esses efeitos. Uma vez fiz um
regime muito alto em proteína durante vários meses e meu corpo nunca se ajustou
a isto. Eventualmente tive que aumentar a ingesta de carboidratos ao redor dos
40-50%.
DY: Para mim, até mesmo a depleção de carboidratos
significava algo ao redor de 200 gramas de carboidratos por dia. Isso era baixo
para mim, e ficava bem difícil depois de 2 ou 3 dias nisso. Mas para outros
isto seria considerado moderado.
BDJ: O que notei a respeito da sua dieta, é que você não
levava a depleção de carboidratos ao extremo. Ao invés, você realizava uma
redução até “certo ponto”, o que era o suficiente para produzir um déficit.
DY: A regra geral era diminuir meus carboidratos até 50%. Eu
calculava a média entre 400-450 gramas por dia, sendo em alguns dias um pouco
mais alto ou mais baixo que outros. Quando diminuía meus carboidratos para 200
gramas durante aproximadamente três dias, aumentava ligeiramente o volume de
treinamento para apressar a depleção de glicogênio.Também tinha cuidado em
aumentar a ingesta de proteínas e gorduras, assim o nível global de calorias
era o mesmo. Algumas pessoas não apenas reduzem demais os carboidratos,
enquanto ficam com pouca energia, mas não substituem essas calorias perdidas e
começam a queimar tecido muscular. Então, antes da competição elevava meus
carboidratos para aproximadamente 1000 gramas por dia. Durante a pré temporada
era ao redor 700 a 800 gramas de carboidratos por dia, assim o leve aumento acima
do normal fazia uma diferença adicional.
BDJ: Sua ingestão calórica ficava calculada ao redor de 5000
a 6000 calorias por dia.
DY: Isso ficava ao redor 5500-6000. Disso, minha proteína
ficava ao redor de 400 a 450 gramas por dia.
BDJ: Você está trabalhando atualmente com o Ernie Taylor.
Como está o andamento disso e como ele treina?
DY: Vai bem. O treinamento dele é bastante breve,
particularmente quando comparado ao dos outros profissionais. Penso que quando
ganhei o Olympia em 1993, e o tipo de treinamentos que estava fazendo, recebeu
publicidade, e produziu um impacto no esporte. Não estou dizendo que todo mundo
começou a treinar do modo que eu fazia, mas o volume e a frequência de
treinamento entre os profissionais reduziu-se bastante de dez anos atrás até
hoje. Quase todo mundo estava fazendo 3 dias treina o 1 descansa, 3 dias treina
1 descansa. Eles treinavam cada parte do corpo duas vezes por semana. Agora, a
maioria está treinando cada parte do corpo uma vez a cada 5 ou 6 dias, com
volume reduzido.
BDJ: Exceto o Lee Priest, que declara estar treinando até 30
séries por grupo muscular.
DY: Sim. Mas ele conseguiu um ótimo físico.
BDJ: Ele também é jovem. Eu tinha muita energia quando tinha
a idade dele, e fazia uns treinamentos bastante selvagens. Hoje olho para trás,
e não sei como eu fazia aquilo.
DY: Sim. Eu olho atrás, e costumava treinar peito, costas e
ombros em um treinamento e provavelmente com mais volume que eu faço agora. Mas
ainda assim produzia resultados.
BDJ: O que você mudaria sobre o esporte do bodybuilding?
DY: Educação. As pessoas realmente não entendem o que
importa na criação de um grande físico. Se você assiste um esporte igual ao
basquetebol, nele você pode ver e pode apreciar a habilidade do atleta.Com as
competições de bodybuilding você vê apenas o produto final. Se você estiver
nisso, você pode apreciar o físico, mas às pessoas comuns isso parece algo
estranho e extremo. Eles não sabem da dedicação ou do trabalho duro, ou do
conhecimento sobre nutrição. Deveriam combinar a cobertura da televisão com um
documentário verdadeiro das pessoas treinando e o que elas fazem para se
preparar. Quando eu estava competindo no Mr. Olympia, recebia alguns convites
para apresentação na televisão, e isso sempre foi o que eu quis fazer. Falar e
discutir sobre o que está envolvido no esporte. E quando as pessoas estivessem
educadas sobre o processo, elas apreciariam e olhariam de modo diferente para
isso. Mas minha experiência com o pessoal da TV é que eles não estavam
interessados nisso. Sentar-se e falar sobre isso. Eles me queriam no estúdio
para posar, e então fazer algumas perguntas. Eu não queria ir para isso. Eu
dizia: “… se você estivesse recebendo outro atleta, um corredor, por exemplo,
você não o faria correr ao redor do estúdio, ou faria um jogador de basquetebol
jogar basquetebol…” Ao invés disso, você se sentaria com a pessoa e conversaria
com ele. E isso é o que estou preparado para fazer. Isso não os interessava.
Mas trazer um fisiculturista de sunga para posar é algo que torna aquela pessoa
um objeto e um espetáculo.
BDJ: Você acredita que obteve de fato, em seu país, a
notoriedade que você merece?
DY: Definitivamente não, não na Inglaterra. Eu sou mais
reconhecido nos Estados Unidos da America.
BDJ: Isso é devido ao bodybuilding não ser muito popular na
Grã Bretanha?
DY: Não é realmente popular. Isso tem obtido uma boa
audiência com alguns seguidores e há poucos fisiculturistas na Inglaterra, como
você provavelmente sabe. É uma comunidade muito pequena, uma coisa underground.
Não é algo que chega até o público em geral. Diferente dos Estados Unidos. Lá,
acho que sou mais amplamente reconhecido entre um grande e variado número de
pessoas. Indivíduos que não são necessariamente fisiculturistas, mas que vão
para as academias, que estão em forma, se interessam por saúde e nutrição e que
apreciam muito mais o bodybuilding. Nos Estados Unidos eu agrado pessoas de
todos os estilos de vida, e que me reconhecem.
Por Brian D. Johnston
ENTREVISTA ORIGINAL:
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