Mitos e verdades sobre o GH, o hormônio do crescimento que faz 'milagre'
Por Paco Llistó
A eterna busca pelo corpo perfeito nem sempre obedece à
saúde. Não é segredo para ninguém, mas uma substância normalmente utilizada
para reposição hormonal virou um dos anabolizantes preferidos nas academias: é
o hormônio do crescimento, também chamado de GH, do inglês "Growth
Human".
Facilmente encontrado na internet e vendido como se fosse a
verdadeira fonte da juventude, o GH aumenta a massa muscular, melhora a
aparência da pele e diminui o percentual de gordura. Parece um sonho para quem
detesta malhar. Mas, segundo especialistas, o hormônio não é recomendado a
indivíduos que pretendem utilizá-lo para fins estéticos.
Produzido pela glândula hipófise, o GH é responsável pelo
crescimento na infância e puberdade. Também age na manutenção da composição
corporal (quantidade de gordura e massa muscular), massa óssea, capacidade de
fazer exercícios, entre outras funções.
O GH exerce diversas ações metabólicas com efeitos
anabólicos e lipolíticos, produzindo em contrapartida efeitos indutores de
resistência à insulina. No paciente com deficiência da substância, a reposição
com o hormônio promove lipólise (ou seja, quebra de gordura), estimula a
síntese protéica com aumento aumento de massa corporal magra, estimula o
turnover ósseo e pode levar à resistência insulínica, sendo entretanto seu
efeito metabólico mais notável a perda de adiposidade visceral", explica
Flávia Lúcia Conceição, Professora Adjunta de Endocrinologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ainda segundo Flávia, o hormônio do crescimento, quando
utilizado corretamente, aumenta a velocidade de cresci-mento, com ganho de
altura, em crianças. "Também observamos em indivíduos de qualquer idade
com deficiência de GH, ganho de massa muscular, perda de gordura, ganho de
massa óssea e melhora na capacidade de fazer exercício", explica. Os
principais alvos do GH são o tecido adiposo, no qual promove lipólise e diminui
a captação de glicose; o fígado, aumentando a captação de ácidos graxos livres
e hepática e na síntese protéica, além da produção de IGF-I e IGFBP3; e o
músculo, com aumento da captação de glicose e elevação da captação de
aminoácidos e da síntese de proteínas.
Indicado tanto para homens quanto para mulheres, o hormônio
é utilizado ainda por pessoas com insuficiência renal crônica e contra-indicado
a pacientes com câncer em atividade, retinopatia diabética (manifestação ocular
da diabetes e uma das principais causas de cegueira) e hipertensão
intracraniana. Já os riscos para quem consome GH indiscriminadamente, sem
orientação médica, são muitos. "Os principais riscos são desenvolvimento
de diabetes, crescimento de tumores pré-existentes, retenção de líquido com edema
e dor articular, hipertensão arterial e desenvolvimento de características de
acromegalia (doença causada por excesso na produção de GH, que pode alargar o
maxilar e até cartilagens como nariz e orelhas)", enumera Flávia.
Diego Lopes, 28, fez uso do hormônio do crescimento para
tratamento ortomolecular. O objetivo do publicitário era finalizar um processo
de emagrecimento e parar a queda de cabelo. "Eu fiz uma batelada de exames
antes de o médico me liberar para o tratamento. Eu me aplicava diariamente a
quantidade recomendada pelo médico com uma agulha de insulina", explica.
Os resultados, relembra Diego, começaram a aparecer em apenas quinze dias.
"O cabelo parou de cair, fôlego e disposição aumentaram muito. A flacidez
da pele diminuiu bastante, perdi meus pneuzinhos que estavam sobrando e a
gordura abdominal. A definição muscular no geral melhorou bastante. Parecia
também que eu tinha muito mais energia", conta.
Não custa reiterar, mas o tratamento a que Diego se submeteu
foi devidamente acompanhado por um endocrinologista, que sugeriu ainda que ele
mantivesse os exercícios, evitando faltar à academia. "Uma das primeiras
perguntas que o meu médico me fez foi se o meu interesse em tomar GH era para
ganho rápido de massa muscular. Ele emendou dizendo que não deveria esperar
esse resultado, que por eu ter histórico de câncer na família, não seria seguro
usar grandes doses, nem por muito tempo, sem contar que ia ser um rombo no meu
bolso".
Diego não terminou o tratamento, que deveria seguir por mais
3 ou 4 meses, mas hoje considera que houve muitos ganhos, principalmente para
sua saúde. "Continuei fazendo os exames de sangue e eles não tiveram
alteração", comemora.
Os (corajosos) defensores do GH
O gerente comercial Sérgio Roberto, 31, é um dos que defendem
o uso do GH para fins estéticos. Durante 60 dias, Sérgio aplicou ampolas do
hormônio com um "aparelho muito prático, tipo uma caneta, de uma forma
muito fácil, sem grande dificuldade", conta. O tratamento custou a ele
cerca de R$ 1300 reais - na internet é possível encontrar o Genotropim, da
Pfizer, por cerca de R$ 550. "No caso do produto original, que é pedido em
laboratório, com receita médica, você pode até solicitar uma enfermeira para
explicar como se aplicar e como utilizar a tal 'caneta aplicadora'. Um luxo! A
enfermeira vai até você e dá todos os detalhes e dicas do produto", revela
Sérgio.
O gerente comercial diz que não procurou um especialista
antes de iniciar o tratamento por conta própria e explica que seu único
objetivo era definir o corpo. "Não tive nenhum efeito colateral. Somente
nos cinco primeiros dias tive um pouco de dificuldade para dormir, pois à noite
me sentia agitado, depois da academia", relembra.
Segundo Sérgio, os resultados foram "fantásticos".
"Após a vigésima aplicação você começa a perceber que sua pele vai ficando
mais sedosa, mais macia, seu cabelo fica mais bonito, parece que ganha mais
cor. A pele do rosto fica mais jovial e com as idas à academia você percebe que
seus músculos vão ficando mais firmes e fortes. O GH proporciona um efeito
natural, sem ficar forçado", conta. Ainda segundo Sérgio, a principal
alteração é na auto-estima. "Você levanta da cama cedo para trabalhar
pilhado. Fica mais elétrico durante o dia, mais animado com tudo. É muito legal",
defende.
O gerente financeiro Edson Timo, 29, também utiliza o GH há
mais de um ano com o propósito de aumentar a massa muscular. "Queria
crescer, mas não na mesma proporção que se cresce tomando outros tipos de
hormônios, como Deca, Durateston, entre outros, que o efeito é mais rápido, mas
de qualidade inferior", diz. Assim como Sérgio, Edson também elogia a
facilidade de aplicação do GH. "O uso é fácil e as ampolas são aplicadas
subcutaneamente, ou seja, não é intramuscular", explica.
Os resultados, garante Edson, apareceram em poucos dias.
"Tudo melhora, sua auto-estima vai lá em cima, a pele fica boa, melhora o
senso de humor, entre outras coisas. Os resultados são tão bons que pretendo
fazer ciclos com mais freqüência. O problema é que, para fazer um novo ciclo com
GH, tem que preparar bem o bolso", reclama.
Edson que fez o tratamento com acompanhamento médico destaca
a simplicidade para comprar o produto. "Mandei a receita via fax e eles me
enviaram o kit com caneta aplicadora, todas as agulhas, algodão umedecido,
manual, DVD explicativo, toalha e um calendário, para não se perder nas
aplicações", relata. Ainda segundo ele, você ainda pode agendar visita de
uma enfermeira que faz a primeira aplicação e deixa um telefone de contato em
caso de dúvidas.
Apesar dos resultados aparentemente impressionantes, não há
nenhuma garantia de que o GH possa ser usado para fins estéticos, de
rejuvenescimento ou emagrecimento. Inclusive, o hormônio do crescimento está
entre as 20 substâncias proibidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Se
você quer mesmo arriscar, é bom estar preparado para conseqüências
imensuráveis. Como alerta a Professora Flávia Lúcia Conceição, o
"milagre" do corpo perfeito ainda está na "alimentação saudável
e na prática regular de exercícios físicos
DIGA NÃO ÀS DROGAS
Os esteróides anabolizantes sintéticos ( as Bombas), concedem poucos benefícios e nenhum deles compensa os terríveis riscos que você corre ao usá-los. Que isto seja um aviso a todos os atletas, médicos, instrutores, professores, treinadores e pais.
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